Singapura, um dos países mais ricos, limpos e caros de toda a Ásia
- blogviajantee

- 9 de nov.
- 12 min de leitura
Um roteiro de dois dias em uma das metrópoles mais eficientes e verdes do mundo.
Localizada na ponta sul da Península Malaia, no Sudeste Asiático, Singapura é um pequeno porém fascinante país formado por uma ilha principal e mais de 60 ilhas menores. Com uma economia de rápido desenvolvimento, Singapura é um dos famosos "Tigres Asiáticos", ao lado de Hong Kong, Taiwan e da Coreia do Sul. Essa riqueza, no entanto, reflete-se em seu elevado custo de vida e de turismo, tornando-o um destino mais caro para os visitantes. Sua população de cerca de 5,9 milhões de habitantes utiliza o dólar de Singapura (SGD) como moeda oficial e o inglês, o malaio, o mandarim (chinês) e o tâmil como línguas oficias. A capital do país, também chamada Singapura, ocupa todo o território, o que justifica sua classificação como cidade-estado. Uma das características mais notáveis de Singapura é sua impecável limpeza e organização, mantida por meio de leis rigorosas, onde até mesmo a venda de chiclete é proibida, exceto para fins terapêuticos. Apesar de ser um centro urbano densamente povoado, a ilha é surpreendentemente verde, com parques e jardins verticais que se misturam à sua arquitetura futurista. Essa característica lhe rendeu o carinhoso apelido de "Cidade Jardim". Em Singapura, o tradicional e o tecnológico coexistem em perfeita harmonia, proporcionando uma nova experiência em cada esquina: dos arranha-céus cintilantes do distrito financeiro aos jardins suspensos de tirar o fôlego, e à rica herança cultural de bairros icônicos como Chinatown, Little India e Kampong Glam, que refletem os principais grupos étnicos do país: chineses, indianos e árabes.

Havíamos escolhido Bali, na Indonésia, como nosso destino principal de férias, e encontramos uma ótima oferta de voo com a Singapore Airlines, de Frankfurt para o aeroporto de Dempasar. O voo de volta tinha uma escala em Singapura, mais precisamente no belíssimo Aeroporto de Changi, do qual falarei mais tarde nesse post. Pensando nisso, decidimos prolongar a viagem por dois dias e fazer um stopover nesse pequeno e fascinante país. Chegamos em Singapura no final de setembro de 2025, quase meia noite. Devido ao nosso horário de chegada, já relativamente tarde, optamos por um transporte rápido e prático, usando o aplicativo Grab para ir direto a nossa acomodação, o Hotel Mi Bencoolen. A corrida do aeroporto até o hotel custou 26,27 dólares de Singapura.
No dia seguinte, acordamos bastante cedo, e por volta das 7 da manhã já caminhávamos até o ponto de ônibus próximo ao nosso hotel para começar a explorar a cidade. Desembarcamos na parada da Rua Bayfront Ave, e de lá nos pusemos a caminha até o mais famoso cartão-postal de Singapura: o Jardins da Baía (Gardens by the Bay). Esse é um imenso, belíssimo e futurístico parque urbano, construído entre 2007 e 2012.

Os Jardins da Baía são famosos por suas estruturas icônicas e sustentáveis, entre as quais se destaca o Bosque das Super Árvores (Supertree Grove), que lembram o cenário místico de Pantora, do filme Avatar. Essas gigantescas estruturas, com 25 a 50 metros de altura, funcionam como jardins verticais e têm painéis solares que geram energia limpa. Algumas delas são interligadas por uma passarela, chamada OCBC Skyway. Não é necessário ingresso para transitar por debaixo do Bosque das Super Árvores, mas queriamos ver Singapura do alto da impressionante passarela, então adquirimos o ingresso no valor de 14 dólares de Singapura por pessoa, que apesar de um pouco caro, compensa pela possibilidade de tirar lindas fotos.


O parque também abriga duas estufas espetaculares: a Cúpula das Flores (Flower Dome), considerada a maior estufa de vidro do mundo, com plantas de cinco continentes; e a Floresta das Nuvens (Cloud Forest), que impressiona com sua gigantesca cascata interna de 35 metros de altura. O ingresso para visitar as duas estufas custa 46 doláres de Singapura por pessoa, mas optamos por não adquirí-los.

Bem ao lado dos jardins, fica o hotel mais icônico da cidade e, talvez, do mundo: o Marina Bay Sands, localizado às margens da baía mais famosa de Singapura, a Marina Bay, que é formada pela interconexão do Oceano Índico com os rios Singapura e Kallang. O Hotel, construído entre 2006 e 2010, é uma obra-prima do arquiteto israelense Moshe Safdie, sendo formado por três imponentes torres de 57 andares, unidas por uma plataforma de 340 metros de comprimento. No topo, está a famosa piscina de borda infinita de 150 metros de comprimento, que oferece vistas de tirar o fôlego. O complexo do hotel é vasto, com 1.850 quartos, um cassino e um luxuoso shopping center, o The Shoppes at Marina Bay Sands. O Marina Bay Sands, assim como os Jardins da Baía, aparece em cenas do filme Hitman: Agente 47 (2015). Como o preço da diária, a partir de 1.140 dólares de Singapura na data da nossa visita, estava fora do nosso orçamento, obviamente optamos por não acessar o topo do edíficio. Uma alternativa mais acessível para conhecer o local seria comprar ingressos no valor de 24,50 dólares de Singapura para o Deck de Observação SkyPark, no 57º andar, mas teriamos que esperar por algumas horas para poder acessar o local, devido a indisponibilidade de ingresso, e como queriamos seguir desbravando a cidade, deixamos essa atividide para uma próxima visita a Singapura.

Porém adentramos sim o The Shoppes at Marina Bay Sands, e devo dizer que esse é um dos shopping centers mais luxuoso pelos quais já passei. Ao deixar o shopping, ainda fomos recompensados com o deslumbrante skyline de Singapura, com seu enormes e modernos edifícios. Além disso, por ali fica a primeira loja da Apple no mundo inteiramente construída sobre a água. A loja possui um design único, com a aparência de uma esfera de vidro flutuante na icônica Marina Bay.

A poucos metro de caminhada, encontramos o Museu ArtScience (ArtScience Museum), com suas exibições que combinam arte, ciência, cultura e tecnologia. Optamos por não adentrar o museu, devido ao seu caro ingresso com valores a partir de 24,50 dólares de Singapura por pessoa, e nos contentamos em contemplar seu imponente exterior. O edifício foi construído entre 2007 e 2011, com seu peculiar formato de flor de lótus, também obra de Moshe Safdie.

Deixamos então a área em frente ao museu e cruzamos a Marina Bay, utilizando a Ponte Helix (Helix Bridge), com seu design futurístico em formato de uma estrutura de DNA. A Ponte, feita de aço inoxidável, foi construída entre 2007 e 2010 e possui 280 metros de comprimento.

No outro lado da ponte, com impressionantes 165 metros de altura, está a Singapore Flyer, a terceira maior roda-gigante do mundo. Construída entre 2005 e 2008, ela já foi a maior roda-gigante do planeta, oferecendo aos visitantes uma vista deslumbrante da cidade. Optamos por não andar na roda gigante, cujo ingresso para uma volta custa 40 dólares de Singapura.

Deixamos a Singapore Flyer, caminhando às margens do Rio Singapura, até chegar na Esplanada - Teatros na Baía (Esplanade - Theatres on the Bay). Construído entre 1996 e 2002, essa é outra icônica construção de Singapura, com uma arquitetura incrível, formado por duas grandes cúpulas que lembra “olhos de mosca”, apesar de ser apelidado de “durião”, em homenagem a essa iguaria tão famosa no sudeste asiático, considerada a mais fedorenta das frutas. No interior da imponente construção, salas de concertos e teatros, fazendo desta um dos destaque artísticos do país.

Cruzamos então outra icônica ponte da cidade-estado, a Ponte Jubileu (Jubilee Bridge), para chegar ao outro lado do Rio Singapura. A ponte de 220 metros de comprimento, construída entre 2012 e 2015 para celebrar os cinquenta anos da independência do país, nos levou até um dos mais importantes parques locais, o Parque Merlion. É dentro desse parque que fica a icônica Estátua do Merlion, com 8,6 metros de altura e pesando 70 toneladas. O Merlion é uma criatura mítica com cabeça de leão e o corpo de peixe, que também é o símbolo de Singapura. A cabeça de leão representa o nome original de Singapura, que significa "cidade do leão". Já o corpo de peixe remete ao passado de Singapura, quando ainda era apenas uma vila de pescadores chamada de Temasek, que significa "cidade marítima" em javanês.

Já era final de tarde, e a noite se aproximava, mas queriamos concluir nosso primeiro dia na cidade da melhor forma possível. Portanto voltamos ao seu mais importante ponto turístico, os Jardins da Baía, dessa vez para assistir ao lindo e colorido show de luzes e música que ocorre no local, chamado de Rapsódia do Jardim (Garden Rhapsody).

No dia seguinte, deixamos o hotel e fizemos uma caminhada de 500 metros até o mais histórico dos parques da cidade, o Parque Fort Canning (Fort Canning Park). O parque fica localizado em um colina com cerca de 48 metros de altura, que atualmente é conhecida como Colina Fort Canning, mas que no passado era chamada de Colina Proibida (Bukit Larangan), e era o lar dos palácios dos antigos reis do Reino de Singapura do século XIV. Durante o período colonial britânico em Singapura, Sir Stamford Raffles, o fundador da Singapura moderna, construiu sua residência ali, e o local serviu como quartel-general do Exército Britânico, além de uma fortaleza militar, cuja construção data do ano de 1859. No interior do parque se encontra uma bela escadaria em formato espiral, chamada de Túnel de Árvores de Fort Canning (Fort Canning Tree Tunnel), que conecta a base da colina a um ponto mais alto do parque. Essa escadaria é bastante popular por ser um dos locais mais instagramáveis da cidade.

Para o restante do dia, nosso objetivo era conhecer os três importantes distritos culturais de Singapura: Chinatown, Pequena India e Bairro Muçulmano. Pegamos o metrô na estação próxima ao parque e desembarcamos no primeiro dos distritos, o Bairro Muçulmano, conhecido localmente como Kampong Gelam, sendo que a palavra “Kampong”, significa “vila” em malaio, enquanto “Gelam” é o nome de uma árvore, que era abundante no local, e cuja a madeira é utilizada na construção de barcos e até casas. O local é o centro da comunidade malaia, árabe e muçulmana de Singapura. A história do bairro remonta a 1822, quando a área foi designada por Sir Stamford Raffles, para a comunidade malaia.

Nossa primeira parada no Bairro Muçulmano foi em sua imponente e belíssima mesquita, a Mesquita do Sultão (Sultan Mosque). Seu nome homenageia o Sultão Hussein Shah, 19o governante do Sultanato de Johor, responsável por assinar o tratado em 1819 que permitiu aos britânicos estabelecer oficialmente um acordo comercial em Singapura. Em troca, o sultão exigiu a construção de uma mesquita, que foi concluída em 1826. Em 1924 essa primeiro mesquita já estava bastante deteriorada, no que optou-se por demoli-la e construir a mesquita atual, que foi inaugurada em 1929 e concluída apenas em 1932. Atualmente a mesquita conta com capacidade para 5 mil pessoas e sua arquitetura, com destaque para a imensa cúpula dourada, é simplesmente linda.

Localizado a alguns passos da mesquita, está a segunda atração que queriamos visitar no bairro, o Palácio Kampong Glam (Istana Kampong Glam). Infelizmente o local estava passando por reformas, e pouco pudemos ver. Sobre a história do palácio, o primeiro edifício construído nesse local data do ano de 1819, e foi feito a mando do Sultão Hussein Shah. O edifício atual foi construído entre 1836 e 1846, a mando do filho mais velho e sucessor do sultão, o também Sultão Ali Iskandar Shah. Atualmente esse é considerado um monumento nacional e abriga em seu interior o Centro de Patrimônio Malaio.
Caminhamos então por cerca de 600 metros, até nosso próximo local de visita no Bairro Muçulmano, a Mesquita Hajjah Fatimah (Masjid Hajjah Fatimah). Localizada dentro do Parque Kampong Glam, essa imponente mesquita foi concluída em 1846, e recebe o nome de uma senhora aristocrática malaia, Hajjah Fatimah, que encomendou sua construção.

Já era hora de deixar o Bairro Muçulmano e de conhecer nosso próximo bairro étnico de Singapura. Foi então que após uma caminhada de cerca de dois quilômetros, chegamos à Pequena Índia (Little India). Esse bairro é conhecido localmente como Tekka e é habitado majoritariamente pela comunidade indiana de Singapura.

E nossa primeira parada em Little India foi surpreendentemente em um local não ligado a etnia indiana, mas a etnia chinesa: a Casa de Tan Teng Niah (House of Tan Teng Niah). Essa enorme casa, construída no ano de 1900 por um rico comerciante chinês, se destaca principalmente por suas cores vibrantes, que se harmonizam perfeitamente com a atmosfera colorida de Pequena Índia, fazendo deste um dos locais mais fotografados do bairro.

Continuando nosso roteiro, uma caminhada de 200 metros nos levou ao mais impressionante templo hindu de Singapura: o Templo Sri Veeramakaliamman (Sri Veeramakaliamman Temple). Construído em 1881, o templo possui uma fachada surreal, adornada com esculturas coloridas de divindades e figuras mitológicas do hinduísmo. Ele é dedicado a duas manifestações da deusa feminina suprema, conhecida como Shakti: Parvati, a face benevolente da família e do amor; e Kali, a manifestação da força e da destruição, invocada para combater o mal e superar desafios. Na data de nossa visita, estavam acontecendo celebrações em todos os templos hindus da cidade, e por isso não conseguimos visitá-los. Além disso, muitas tendas cobriam os templos, o que dificultava tirar fotos.

Deixamos o Templo Sri Veeramakaliamman e utilizando a Serangoon Road, principal artéria do bairro, caminhamos por 800 metros até o segundo templo hindu do dia, o Templo Sri Srinivasa Perumal (Sri Srinivasa Perumal Temple). Esse templo foi construído entre 1851 e 1855, e é dedicado a Vishnu, uma das divindades mais importantes do hinduísmo, conhecido como o deus da preservação e da proteção do universo. A arquitetura do templo é muito bela, com destaque para seu impressionante gopuram, a torre de entrada de cinco andares, ricamente esculpida com figuras de diversas divindades hindus.


Já era meio da tarde, hora de deixar Little India, e iniciar nosso passeio pelo último dos distritos étnicos de Singapura, a famosa Chinatown, centro da cultura chinesa em Singapura. Para chegar até lá, caminhamos até a estação de Farrer Park, e de lá tomamos o metrô até a estação de Chinatown.

Da estação, caminhamos até nosso primeiro destino no bairro, uma das mais antigas mesquitas de todo o país, a Mesquita Jamae (Masjid Jamae). Por incrível que pareça, essa mesquita não está localizada no Bairro Muçulmano, mas sim em Chinatown, o que realça essa marcante característica de Singapura, de ser um local onde diferentes grupos étnicos convivem em harmonia. Mas falando da mesquita, ela foi construída entre 1830 e 1835, e seus enormes minaretes e fachada de cor esverdeada certamente chamam a atenção dos que visitam Chinatown.

Logo ao lado da mesquita está o Templo de Sri Mariamman (Sri Mariamman Temple), o mais antigo templo hindu de Singapura, cuja construção foi concluída em 1827. O local é dedica a Mariamman, a deusa hindu da chuva, da fertilidade e da saúde. O adornado e colorido gopuram do templo é certamente a parte que mais chama a atenção.

Algumas poucas de centenas de metros caminhando, e chegamos em nossa próxima parada a mais importante praça de Chinatown, a Praça Kreta Ayer (Kreta Ayer Square). É aqui que fica o mais icônico templo da Chinatown de Singapura, o Templo da Relíquia do Dente de Buda (Buddha Tooth Relic Temple). Esse majestoso templo de religião budista chinesa é relativamente novo, tendo sido concluído no ano de 2007. Possui quatro andares, sendo que o último deles guarda a sagrada relíquia que dá nome ao templo. Segundo histórias, o dente de Buda teria sido encontrado entre as ruínas de uma stupa, uma construção budista em formato de cúpula. O dente, medindo 7 centímetros, seria muito grande para ser de um humano comum. A entrada no templo é gratuita.


Após visitarmos o templo budista, finalizamos nosso passeio pelos distritos étnicos de Singapura. Pegamos o metrô e nos deslocamos até o Aeroporto Changi de Singapura (SIN). Esse é consistentemente reconhecido como um dos melhores e o mais belo dos aeroportos do mundo. A grande atração do aeroporto é o Jewel Changi Airport, uma expansão futurista, coberta por uma impressionante cúpula de vidro e aço. No coração do Jewel encontra-se a majestosa Cascata HSBC Rain Vortex, a maior cachoeira interna do mundo, que despenca 40 metros em meio ao Shiseido Forest Valley, um exuberante jardim tropical de quatro andares.

Do aeroporto retornamos ao hotel para um banho rápido, pois ainda queriamos conhecer dois últimos locais na cidade, as famosas áreas de Clarke Quay e Boat Quay. Essees locais abrigam uma enorme quantidade de bares e restaurantes e estão entre as áreas mais movimentadas de Singapura. Certamente são os melhores locais da cidade para degustar uma Tiger, a mais famosa cerveja de Singapura.

Nossa estadia nesse país foi uma experiência incrível: Singapura se destacou como uma nação desenvolvida, tecnológica e impecavelmente limpa. Sua história, marcada por uma mistura de culturas fascinante, serve como um exemplo inspirador de organização e progresso para o resto do mundo.








Comentários